Depressão – Uma Epidemia Silenciosa

Depressão - Uma Epidemia Silenciosa

Segundo a BBC BRASIL de 2 de setembro de 2009 pelo artigo do site da  SBCM – Sociedade Brasileira de Clínica Médica, a Depressão será a doença mais comum do mundo em 2030, tendo como fonte de informação a OMS – Organização mundial de Saúde. O relato da OMS afirma que  a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas. Naquele ano, dados apontavam mais de 450 milhões de pessoas sendo afetadas diretamente por transtornos mentais, a maioria delas nos países em desenvolvimento. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, quase um bilhão de pessoas, incluindo 14% dos adolescentes do mundo, viviam com um transtorno mental. Dessa forma, a previsão de 2009 estava assustadoramente certa.

Em 2009, O médico Shekhar Saxena, do Departamento de Saúde Mental da OMS, afirmou que os números da OMS mostravam claramente que o peso da depressão (em termos de perdas para as pessoas afetadas) iria provavelmente aumentar, de modo que, em 2030, ela será sozinha a maior causa de perdas (para a população) entre todos os problemas de saúde. Ainda segundo Saxena, a depressão é mais uma patologia das mais temidas pela população em geral, à frente mesmo de doenças como a Aids ou o câncer e é realmente, nos dias atuais, mais comum do que outras doenças, em termos de perdas para as pessoas afetadas.

Dessa forma, não é exagero algum considerar que isso é uma epidemia silenciosa, porque a depressão está sendo cada vez mais diagnosticada, está em toda parte e deve aumentar em termos de proporção, enquanto a (ocorrência) de outras doenças está diminuindo.

Diagnóstico

Para o diagnóstico da doença depressão, necessariamente deverão existir o conjunto de sinais e sintomas a seguir relacionados:

Humor deprimido: Sentir-se triste, vazio, desesperançoso ou sem esperança.

Perda de interesse: Perder interesse em atividades que antes eram prazerosas, como hobbies, esportes ou sexo.

Alterações de apetite: Ter alterações no apetite, como comer demais ou de menos.

Alterações de sono: Ter dificuldade para dormir ou dormir demais.

Fadiga: Sentir-se cansado ou sem energia.

Dificuldade de concentração: Ter dificuldade para se concentrar ou tomar decisões.

Sentimentos de culpa ou inutilidade: Sentir-se culpado ou inútil.

Pensamentos de morte ou suicídio: Ter pensamentos de morte ou suicídio.

Caso a maioria desses sintomas persistam por um período maior a duas semanas, está na hora de procurar ajuda do seu médico de confiança.

Por vezes, o diagnóstico da depressão pode “passar em branco” porque sem conhecimento da lista de sintomas e sinais acima relacionados, muitas pessoas confundem depressão com tristeza.

A tristeza é um sentimento passageiro que dura poucas horas ou dias, geralmente provocado por um motivo pontual, tipo a perda de um emprego ou o fim de um relacionamento. A tristeza não compromete o desempenho da pessoa e não tem o conjunto de sintomas corporais que a depressão provoca. 

Estudos mostram que até 20% das pessoas podem chegar a ter um episódio depressivo ao longo da vida. Infelizmente a grande maioria não procura ou não consegue fazer um tratamento adequado para essa condição.

Depressão não é “frescura”, porque frescura não mata, mas a depressão, sim.

O deprimido não é fraco, nem preguiçoso, nem incapaz ou fresco. A pessoa com depressão está doente e precisa de ajuda médica.

Quando o conjunto de sinais e sintomas são bem caracterizados e o tempo de evolução condiz com o tempo descrito para a instalação da patologia, deve ser iniciado a investigação das causas desencadeantes, as quais, atualmente, são também muito bem conhecidas.

Causas

As principais causas são:

Genética: História familiar de depressão. Embora não tenha sido identificado um gene específico, tudo indica que a hereditariedade é de tipo poligênico (somatória de pequenas alterações em uma quantidade de genes). Se a herança poligênica é alta, o indivíduo teria maior propensão a sofrer de transtorno depressivo.

Ambiente estressante: Eventos estressantes, como perda de um ente querido, problemas financeiros ou relacionamentos no trabalho e ou familiar difíceis. Situações estressantes que se prolongam ao longo do tempo, ou a somatória das mesmas, podem facilitar o aparecimento de uma crise depressiva. Com o passar do tempo até mesmo situações pouco estressantes podem provocar uma recidiva dos sintomas depressivos.

Química cerebral: Alterações nos níveis de neurotransmissores, como serotonina e dopamina. É também importante ressaltar que o estresse crônico tem um papel importante na ativação de respostas inflamatórias no cérebro. Esse é o argumento que sustenta a teoria das citocinas (substâncias que se liberam nos processos inflamatórios) como explicação para a base fisiopatológica da depressão e também da ansiedade.  Foi confirmado que a depressão é também uma das sequelas mais frequentes da Covid-19, se considerar que atinge ao redor de 40% dos afetados pela doença, talvez também relacionado a esse fator de inflamação crônica.

Outras Doenças que afetem o metabolismo cronicamente: Doenças crônicas, como diabetes,hipo ou hipertireoidismo, doenças cardíacas, cerebrovasculares como Parkinson, Alzheimer, Esclerose Múltipla ou câncer são outros exemplos.

Tratamento

Por se tratar de uma patologia que tem múltiplos fatores predisponentes e desencadeantes, que em geral tem um aparecimento insidioso ao longo do tempo e que de fato não existe uma medicação “alvo certo”, o tratamento da depressão deve ser personalíssimo, individualizado e focado em cada paciente.

– Terapia: Terapia cognitivo-comportamental (TCC) ou terapia psicodinâmica. No meu entender sobre o assunto, é um pilar fundamental que não pode ser negligenciado.

–  Mindfulness: Técnicas de mindfulness, como meditação e yoga, para ajudar a controlar a ansiedade e a depressão

– Medicamentos: Nas últimas décadas surgiram inúmeros fármacos antidepressivos muito úteis para aliviar os sintomas dos pacientes com depressão. Mesmo assim há uma porcentagem de pacientes que não reagem com terapia medicamentosa. Antidepressivos, como inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) ou antidepressivos tricíclicos.

– Mudanças no estilo de vida: Eliminação ou redução dos fatores estressantes, que podem ser identificados após minuciosa investigação.Além disso, exercícios regulares, alimentação saudável, sono adequado são outros fatores que ajudam a reequilibrar o organismo como um todo, considerando a neurobioquímica e a redução da inflamação crônica.

Afinal… A Depressão tem cura?

Como vimos ao longo desse artigo, a depressão é um transtorno mental complexo e multifacetado, e a questão de se ela tem cura é um tema de debate entre os profissionais de saúde mental.

Existem diferentes perspectivas sobre a cura da depressão:

Visão médica: De acordo com a visão médica, a depressão é uma doença que pode ser tratada com medicamentos e terapia. Embora os sintomas possam ser controlados, a depressão pode ser uma condição crônica que requer tratamento contínuo.

Visão psicológica: De acordo com a visão psicológica, a depressão é um transtorno que pode ser tratado com terapia cognitivo-comportamental (TCC) ou outras formas de terapia. A TCC pode ajudar a pessoa a mudar seus padrões de pensamento e comportamento, reduzindo os sintomas da depressão.

Visão holística: De acordo com a visão holística, a depressão é uma condição que afeta a pessoa como um todo, incluindo sua mente, corpo e espírito. A cura da depressão pode envolver uma abordagem integrativa que inclui terapia, medicamentos, mudanças no estilo de vida e práticas espirituais.

Em resumo, a depressão pode ser tratada e controlada, mas a cura pode variar de pessoa para pessoa. Alguns podem experimentar uma recuperação completa, enquanto outros podem precisar de tratamento contínuo para gerenciar os sintomas.

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