Nimesulida: O Anti-Inflamatório Popular No Brasil Mas Que É Proibido Em Vários Países

Nimesulida: O Anti-Inflamatório Popular No Brasil Que É Proibido Em Vários Países

Nimesulida: Um Anti-inflamatório Popular, Mas Controverso

A nimesulida é um medicamento anti-inflamatório não esteroide (AINE) amplamente utilizado para aliviar dores e inflamações. No Brasil, seu uso é permitido mediante prescrição médica, mas, mesmo assim, ocupa o posto de terceiro medicamento mais consumido no país. No entanto, sua popularidade contrasta com as restrições impostas em diversos países: nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda, Holanda, Espanha e Japão, a substância foi proibida, enquanto no Reino Unido e na Alemanha nunca chegou a ser aprovada para uso. Essas restrições se devem principalmente a preocupações com seus potenciais efeitos adversos, especialmente em relação à toxicidade hepática e renal. Mas afinal, por que a nimesulida continua sendo tão usada no Brasil? Neste artigo, vamos explorar os benefícios, riscos e polêmicas envolvendo esse medicamento.

Conhecendo os Anti-inflamatórios

Os anti-inflamatórios são medicamentos utilizados para reduzir a inflamação e o dor em diversas condições, como artrite, dor de cabeça, dor de dente, entre outras. 

Existem dois tipos principais de anti-inflamatórios: os anti-inflamatórios hormonais (corticosteroides) e os anti-inflamatórios não hormonais (AINEs), como a nimesulida.

Anti-inflamatórios hormonais

São medicamentos que imitam a ação do cortisol, um hormônio produzido pelo corpo, nas glândulas suprarrenais. São extremamente potentes em sua ação antiinflamatória e mas também em seus efeitos colaterais.

 Eles são utilizados para reduzir a inflamação e o dor em patologias e doenças autoimunes, tais como a Artrite reumatoide. a Asma e as reações alérgicas mais intensas e graves, por poderem suprimir o sistema imunológico numa resposta “exagerada” e “errada’ aos próprios constituintes corporais.

Exemplos de corticosteroides incluem: Prednisona; Prednisolona, Dexametasona e Betametasona

Anti-inflamatórios não hormonais (AINEs)

São medicamentos que reduzem a inflamação e o dor sem afetar o sistema hormonal do corpo e não servem portanto para as doenças auto-imunes. A nimesulida é um exemplo de AINE. A nimesulida funciona reduzindo a produção de prostaglandinas, substâncias químicas que causam inflamação e dor no corpo. Ela também tem propriedades analgésicas, antioxidantes e anti-inflamatórias. Os AINEs são usados em patologias mais leves, mas que ainda cursam com dores mais intensas como cefaléia (dor de cabeça), dor de dente, dor muscular, das juntas e dos tendões.

Diferenças principais entre Anti-inflamatórios Hormonais e Nimesulida

1. Mecanismo de ação (local de atuação): Os corticosteroides imitam a ação do cortisol, enquanto a nimesulida reduz a produção de prostaglandinas.

2. Efeitos hormonais: Os corticosteroides podem afetar o sistema hormonal do corpo, enquanto a nimesulida não tem efeitos hormonais.

3. Indicações: Os corticosteroides são utilizados para tratar condições mais graves, como artrite reumatoide e doenças autoimunes, enquanto a nimesulida é utilizada para tratar condições mais leves, como dor de cabeça e dor de dente.

4. Efeitos colaterais: Os corticosteroides podem ter efeitos colaterais mais graves, como supressão do sistema imunológico e osteoporose, enquanto a nimesulida pode ter efeitos colaterais mais leves, como dor de estômago e desencadear processos alérgicos medicamentoso.

Por que a nimesulida está proibida em outros países?

A nimesulida é um medicamento anti-inflamatório não hormonal (AINE) que foi desenvolvido na década de 1970 e foi inicialmente aprovado para uso em vários países, incluindo o Brasil. No entanto, ao longo dos anos, surgiram preocupações sobre a segurança do medicamento, especialmente em relação ao seu potencial para causar danos ao fígado e à função renal.

Motivos da proibição da nimesulida em vários países:

1. Risco de lesão hepática: A nimesulida foi associada a casos de lesão hepática grave, incluindo insuficiência hepática aguda e morte. Esse risco é especialmente alto em pacientes que tomam o medicamento por períodos prolongados ou em doses elevadas, mas podem acontecer também independente disso.

2. Risco de insuficiência renal: A nimesulida também foi associada a casos de insuficiência renal aguda, especialmente em pacientes com doenças renais pré-existentes. O uso crônico e indiscriminado também é descrito como lesivo aos rins.

3. Falta de eficácia em comparação com outros AINEs: Alguns estudos sugeriram que a nimesulida não é tão eficaz quanto outros AINEs, como o ibuprofeno ou o naproxeno, para o tratamento de condições inflamatórias.

4. Contraindicação em pacientes com doenças hepáticas ou renais: Devido aos riscos associados à lesão hepática e renal, a nimesulida é contraindicada em pacientes com doenças hepáticas ou renais pré-existentes.

O que sabemos sobre o uso da nimesulida no Brasil?

No Brasil, a nimesulida ainda é aprovada para uso, mas com restrições e advertências sobre os riscos associados à lesão hepática e renal. É importante que os pacientes que tomam nimesulida sigam as instruções do médico e monitorem cuidadosamente os seus sinais vitais e função hepática e renal.

Não há estatísticas oficiais disponíveis sobre os casos de insuficiência hepática e insuficiência renal relacionados ao uso de nimesulida no Brasil. No entanto, existem relatos de casos graves de hepatotoxicidade associados ao uso de nimesulida em outros países.

Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já registrou cerca de 320 casos de desordens hepato-biliares relacionadas ao uso de nimesulida. Em outros países, como a Irlanda, foram relatados casos de insuficiência hepática grave que necessitaram de transplante de fígado após o uso de nimesulida.

Falando sobre as principais complicações do uso da Nimesulida

Insuficiência Hepática

A insuficiência hepática é uma condição médica grave em que o fígado não consegue realizar suas funções normais de “laboratório” transformador de substâncias absorvidas da digestão dos alimentos. Existem dois tipos principais de insuficiência hepática: aguda e crônica.

Diferenças principais entre insuficiência hepática: aguda e crônica

– A insuficiência hepática aguda é uma condição grave e potencialmente fatal que ocorre rapidamente, enquanto a insuficiência hepática crônica é uma condição que se desenvolve gradualmente ao longo do tempo.

– A insuficiência hepática aguda é mais comum em pessoas que anteriormente tinham um fígado saudável, enquanto a insuficiência hepática crônica é mais comum em pessoas que têm doenças hepáticas crônicas.

Insuficiência Hepática Crônica

A insuficiência hepática crônica é uma condição médica em que o fígado gradualmente perde sua função ao longo do tempo. Isso pode ocorrer em pessoas que têm doenças hepáticas crônicas, como cirrose.

Causas principais: Cirrose, Hepatite crônica, Doenças metabólicas, Uso excessivo de álcool e Obesidade

Insuficiência Hepática Aguda

A insuficiência hepática aguda é uma condição médica grave e potencialmente fatal em que o fígado rapidamente perde sua função. Isso pode ocorrer em pessoas que anteriormente tinham um fígado saudável.

Causas mais comuns: Overdose de medicamentos, como paracetamol e o foco principal desse artigo, a nimesulida; Intoxicação por substâncias químicas; Infecções virais, como hepatite A ou B, Doenças metabólicas e Trauma abdominal

Insuficiência Renal

Assim como acontece na insuficiência hepática, a insuficiência renal também é uma condição médica grave em que os rins não consegue realizar suas funções normais de “limpeza” do sangue e também existem dois tipos principais de insuficiência hepática: aguda e crônica.

Insuficiência Renal Crônica (IRC):

  • É uma condição em que os rins gradualmente perdem sua função ao longo do tempo.
  • Causas: diabetes, hipertensão, doenças renais crônicas, uso excessivo de medicamentos.
  • Sintomas: fadiga, perda de peso, náusea e vômito, dor abdominal, inchaço.
  • Tratamento: controle da pressão arterial e do açúcar no sangue, dieta renal, diálise renal ou transplante de rim em casos avançados.

Insuficiência renal aguda (IRA) 

É uma condição médica grave em que os rins rapidamente perdem sua função, levando a uma acumulação de toxinas e resíduos no sangue. Isso pode ocorrer em pessoas que anteriormente tinham rins saudáveis.

Causas da Insuficiência Renal Aguda:
  • Redução do fluxo sanguíneo para os rins (choque, hipotensão)
  • Obstrução do fluxo urinário (cálculos renais, tumor)
  • Nefrotoxicidade (medicamentos, substâncias químicas)
  • Infecções (sepsis, pielonefrite)
  • Doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico)
Sintomas da Insuficiência Renal Aguda:
  • Redução da produção de urina
  • Inchaço (edema) nas pernas e pés
  • Fadiga
  • Náusea e vômito
  • Dor abdominal
  • Alterações no estado mental (confusão, agitação)
Tratamento da Insuficiência Renal Aguda:
  • Tratamento de suporte (hidratação, controle de sintomas)
  • Tratamento da causa subjacente (antibióticos para infecções, remoção de obstrução)
  • Diálise renal (em casos graves) ou hemodiálise

Conclusão

A nimesulida é um exemplo clássico de um medicamento que gera tanto confiança quanto controvérsia. Enquanto seu efeito anti-inflamatório rápido e eficaz faz com que milhões de brasileiros recorram a ele, seu histórico de proibição em diversos países levanta um alerta sobre os potenciais riscos à saúde, especialmente no que diz respeito à toxicidade hepática. O fato de ser o terceiro medicamento mais consumido no Brasil reforça a necessidade de um uso mais consciente e responsável.

Embora seu uso seja permitido no país mediante prescrição médica, muitas pessoas ainda fazem uso indiscriminado, sem a devida orientação profissional, o que pode aumentar o risco de efeitos colaterais graves. Dessa forma, é essencial que os pacientes sigam corretamente as recomendações médicas e evitem a automedicação. 

Afinal, todo medicamento tem benefícios, mas também pode trazer consequências se utilizado sem os devidos cuidados. Afinal, citando Paracelso – Médico e físico do século XVI: “A diferença entre o remédio e o veneno é a dose”.

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